sábado, 2 de janeiro de 2010

Espírito livre

Música: "The enigmatic spirit"
Artista: Vintersorg (Suécia)
Informações: www.myspace.com/vintersorganic





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O portão abriu e lá de longe ele viu o vento o empurrando para o lado de fora. Havia música no movimento do vento. Ele, estático, apenas observava. Mentalmente aproxima o olhar daquela cena, o portão lentamente se abrindo e deixando o horizonte à vista. A saída para o mundo, as possibilidades além da visão. Ele, estático, vislumbrava.

O sopro do vento soava em seus ouvidos, media força com seu corpo. O vento, bravo guardião da incerteza ou o mensageiro do amanhã? Ele, ainda estático, fecha os olhos e, às escuras, enfrenta a natureza. Sem armas, sem argumentos e sem planos. Nem mesmo a carne lhe era necessária, pois já está concentrado em pensamentos. E ainda estático.

O curso do vento é o atalho para, estático, atingir a redenção além das fronteiras visíveis. Quebra a simetria da lógica, desafia a alquimia dos antigos e se transforma numa energia amorfa, oriunda da catarse humana. É a peça que se desencaixa do quebra-cabeça planetário e instaura-se como a falha no perfeito plano divino.

Insólito. O portão permanece aberto e o vento continua a soprar produzindo música. E ele marcado pelo choque com as forças naturais que o tirou o ar e devolveu, mutilou a sensibilidade, abriu feridas e as secou, desvirtuou suas visões e processou mil realidades diante seus olhos em frações de segundos.

Um comentário:

  1. Erick... belíssimo texto... quanta poesia... não conhecia esse seu lado.. agradabilíssima surpresa. Parabéns.

    Valéria Rodrigues

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