Música: "Onde você quer chegar"
Artista: Poléxia (Brasil)
Informações: www.myspace.com/thepolexia
Onde você quer chegar by Poléxia |
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Olha as horas no relógio e percorre o olhar por todo a ambiente. O que fazer? Levanta e vai embora...”tudo de novo”.
“Caramba, como fede”, foi o que disse ao passar por uma viela feia e aparentemente de odor duvidoso. Tinha pressa, mas não corria. Aparentemente o caminho era cada vez mais árduo e com desagradáveis surpresas, como esta. O fedor era tão intenso que o seguia. “Mas que merda”, brande.
E nem era merda. Merda era correr contra o tempo, escasso tempo. O atraso lhe cheirava mal e a pontualidade sua neurose. Não via problema em andar, mas dar passos largos o irritava. Não se sentia bem na necessidade em caminhar com pressa, como um imbecil. “Uma merda”.
Estava chegando. Avistou a casa de longe e nem por isso diminuiu o ritmo. Fixou o olhar no objetivo e marchou. Uma jornada cujo fim se aproximava. E ele almejava tanto chegar... e chegou. Abriu a porta com força, como se fosse momento de exteriorizar a ansiosidade pelas mãos. Eram as energias canalizadas que enfim foram expelidas.
Jogou a pasta com força na mesa e retirou o terno com estupidez. Tirou os sapados com a ajuda dos pés como se chutasse, com vontade, um canalha. Arrancou a gravata como a mesma raiva que joga ao lixo esboços mal sucedidos. Enfim, pés no chão, camisa solta para fora da calça e mãos relaxadas. Aparentemente leve, aparentemente fugaz.
Abriu a janela vagarosamente para ter certeza que a luz lá fora não estragaria este momento. Dia cinzento. “Ótimo”, pensa. Permanece por ali, olhando o jardim, lindamente bucólico naquele momento. E nem mesmo a fétida merda do cachorro, ali na grama à sua frente, incomodava.
A calmaria desestressa, potencializa a existência e ensina o caminho mais adequado para o êxtase. Mas merda é merda, inevitavelmente uma hora fede. Hoje, são flores do campo.