segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Tranquila

Música: "Casan (no puedo bloquear lo que queiro dar)"
Artista: Javiera Mena (Chile)



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A bateria do toca-mp3 acaba antes de chegar a sua casa. Pelas suas contas, ainda faltava dez minutos até o destino final, tempo que seria experimentado em conflito com o som de motores, buzinas e cochichos alheios. Dezoito horas e quarenta minutos. Um dia cansativo, produtivo e proveitoso, pensa. E que não terminaria ao findar do sol, pois o azul escuro da noite lhe prometia muitas outras brilhantes sensações.

Mas foi nestes exatos dez minutos consigo mesmo que desfrutou de sentimentos benéficos. O prazer era de um abraço com toneladas de afeto, daqueles que se lembra por resto da vida. Os olhos dispersos nada e tudo viam. A auto-estrada que, estática, conduzia pessoas às outras, que até poderiam estar à espera de um abraço confortante ou uma relaxante dose alcoólica. Lapsos visuais de um livreiro, que sentado à porta do estabelecimento, ainda em horário de funcionamento, reparava ao redor, como se capturava cenas para sua tão sonhada primeira publicação literária.

Os segundos passam, os minutos passam. Meticulosamente as cenas cotidianas observadas são absorvidas. Como um videoclipe de uma música minimalista, em que cada mínimo detalhe sonoro chicoteasse a carne e exprimisse o êxtase pelo sangue misturado ao suor. É a dor que gera o deleite, o indiferente que se torna o essencial. Escurecia, mas sentia-se iluminado, sem medo das trevas.

À esquerda, um ponto de ônibus com pessoas que acabaram de sair do cinema. Conversas dispersas em meio a preocupação de não perder a condução. E, na calçada, a pressa de andar para bem longe do local em que trabalham, desajeitando a gravata e brindando a informalidade da noite. Em tudo e em todos, como em si mesmo, captava a importância do conforto, a segurança no bem estar. Não em dez minutos, mas em toda uma vida. Não apenas no período noturno, mas que seja pertinente 24 horas.

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