terça-feira, 20 de outubro de 2009

Quase um grito

Música: “Casi un grito de rabia”
Artista: Bosques de mi mente (Espanha)
Informações: www.myspace.com/bosquesdemimente

A música indicada está no link do Myspace

Quase um grito. Longo, desesperado e relaxante. Quase um grito, que foi contido em uma extensa puxada de ar e no fechar dos punhos, canalizando energias no seu íntimo, um terremoto interior. Quase um grito, exitado, desvirtuado. Ponderado.

Nada de palavras. A urgência em sentir sem definições, abstrair a partir do minimalismo do corpo. A raiva, as frustrações e as explosões, tudo vibra em cada molécula, em cada célula nervosa e ele transcende para o mundo físico, onde a dor também é sutil, onde o deleite perfura e corta.

O olhar recai para si mesmo, para o que é, para o que pensa que é. E não é. Analisa, reflete, não entende e não é. Simplesmente não é. Quer voar e pisar em chão firme. A realidade. Quer a realidade. Quer movimentos, sangue, suor, lágrimas, abraços, aperto de mãos, ralar o cara no chão, o vento no peito e o frescor da água nos pés. Quer a vida em quase um grito.

E foi quase um grito. Após minutos, foi apenas um suspiro. O alívio da revolução silenciosa e a eminência da vida em redenção. Em quase um grito.


domingo, 4 de outubro de 2009

Música: "Tiger, tiger"
Artista: Bishop Allen (Estados Unidos)
Informações: www.myspace.com/bishopallen


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Entrou num blog a esmo, não interagiu com o conteúdo, mas fez questão de ler os comentários. Certamente não escreveria nada, mas fez uma leitura dinâmica no que três outros visitantes registraram num post. Bobagens. Palavras por palavras sem um pingo de relevância ao autor. Bobagens e mais bobagens.

Era o blog de uma pessoa conhecida, mas que devido a distância e indiferença dela, se tornaram meros “ex-colegas de classe”. Ela provavelmente se gabará das inutilidades nos recados, pensa. E afinal, por que se preocupar? Porque ainda não aprendeu a lidar com o sentido de “ser indiferente”. Porque boas recordações de outrora são latentes o bastante para que novas memórias sejam produzidas entre elas.

Sai do computador e se desloca até a estante do quarto. Para em frente ao saudosismo e dá as costas. Não se afundará no passado. Não quer revisar fatos e então retorna ao blog do conhecido e escreve:

“Hei, tudo bem? Minhas palavras não servirão para legitimar seu post, ao mesmo tempo em que não são apenas para dizer que fuço na sua vida. Porque você sabe que nada disso é necessário, ou, ao menos no passado, são possibilidades nunca pensadas entre eu, você e todos nós.

Ouvir você me xingar, na brincadeira, claro, é muito mais gratificante do que escutar seus méritos e demais sucessos do presente. Já sei da sua capacidade, há anos espero e torço pela felicidade de todos nós, mas espero, e ainda espero muito mais, que me conte as trivialidades do seu blog com a naturalidade de sempre, com a despretensão de sempre.

Não somos mais crianças e exatamente por estarmos perto dos 30 é que entendemos, ou devíamos entender, que nossos risos e choros são revigorados quando lado a lado, de mãos dadas e abraçados. A distância não é merda alguma quando a vontade de tudo isso está a toda hora no nosso íntimo.

Um oi, um como vai, uma saudades e um até breve”